
Alexandre de Moraes no olho do furacão: entre Trump, STF e a pressão popular.
A reta final do julgamento de Jair Bolsonaro colocou novamente Alexandre de Moraes no centro do palco político e jurídico brasileiro. Segundo reportagem da Reuters, publicada nesta terça-feira (2), o ministro do Supremo Tribunal Federal não apenas desafia a ira de Donald Trump, mas também começa a testar a paciência de seus próprios colegas de corte. O resultado é um cenário de tensão em várias frentes: diplomática, institucional e até de opinião pública.
Moraes, que nos últimos anos se consolidou como protagonista absoluto do Judiciário, tomou decisões que alteraram os rumos da política nacional. Entre elas, a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, a detenção de centenas de apoiadores após os atos de 8 de janeiro e o confronto direto com Elon Musk em disputas sobre redes sociais. Para a Reuters, nenhum outro magistrado ousou tanto e foi tão longe em desafiar forças externas e internas.
A consequência veio em forma de reação dura. O presidente norte-americano, Donald Trump, retaliou com tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, além de restrições de vistos e sanções financeiras. Ainda assim, Moraes não recuou. Mas, dentro do STF, começa a crescer a percepção de que sua postura pode estar extrapolando limites e trazendo riscos para a imagem da corte.
De acordo com a agência, alguns ministros passaram a sinalizar divergências veladas para mostrar independência e tentar conter possíveis retaliações externas. A frase do ministro André Mendonça, indicado por Bolsonaro em 2021 — “um bom juiz deve ser respeitado, não temido” —, foi interpretada como um recado direto a Moraes e ao estilo considerado excessivamente duro de sua atuação.
Além da pressão interna, a opinião pública também dá sinais de cansaço. Parte da sociedade já vê as ações de Moraes como autoritárias, o que alimenta narrativas de seus adversários e fortalece o discurso político de perseguição. Esse desgaste, segundo analistas ouvidos pela Reuters, pode abrir espaço para questionamentos sobre sua permanência como principal voz do STF em julgamentos de alta repercussão.
Outro ponto destacado é o risco político. Parlamentares aliados de Bolsonaro e até de outros campos ideológicos cogitam articular pedidos de impeachment contra Moraes, como forma de desgastar o ministro e forçar uma mudança no equilíbrio de forças. Embora tais iniciativas dificilmente prosperem no curto prazo, o simples fato de estarem em debate já mostra que sua figura concentra mais resistências do que apoios.
O Supremo, até então visto como monolítico em decisões importantes, dá sinais de fragmentação. Parte dos ministros se prepara para explicitar suas divergências, o que pode reduzir a sensação de unanimidade que marcou as últimas votações sobre os atos antidemocráticos. Essa mudança de clima interno é uma variável importante para os próximos meses, sobretudo em um país que se aproxima de mais uma eleição presidencial.
A pergunta que fica é: até onde Alexandre de Moraes conseguirá sustentar essa postura de confronto direto sem perder apoio dentro e fora do STF? A Reuters sugere que o ministro caminha numa linha tênue entre a firmeza institucional e o risco de isolamento. E, nesse tabuleiro, o Brasil inteiro observa as consequências.
Deixe um comentário