
O sistema de transporte público de São Luís volta a enfrentar uma crise anunciada. Com tarifas congeladas desde 2019 e custos operacionais cada vez mais altos, empresas afirmam que o desequilíbrio financeiro chegou a um ponto crítico — e os rodoviários já sinalizam nova paralisação por atraso de salários e benefícios.
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Enquanto o setor semiurbano, administrado pelo Governo do Estado, realiza reajustes anuais previstos em contrato, o sistema municipal acumula dois anos sem qualquer recomposição tarifária. O resultado é um rombo crescente nas contas das empresas, queda na oferta de linhas e uma série de ações judiciais que se arrastam na Justiça.
Tarifa defasada e queda histórica no número de passageiros
Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET), o cenário local é semelhante ao de Fortaleza: a tarifa cobrada dos usuários está mais de R$ 3 abaixo do valor necessário para manter o sistema minimamente equilibrado.
- Tarifa atual em São Luís: R$ 4,50
- Tarifa técnica estimada: cerca de R$ 7,30
- Perda de passageiros: de 10 milhões (2016) para 4,9 milhões (2024) — queda superior a 50%
A chamada “tarifa técnica” inclui custos de combustível, manutenção, mão de obra, pneus, peças, renovação de frota e demais despesas fixas. Sem esse ajuste, o sistema opera no prejuízo.
Cálculo tarifário deveria ser público e transparente
Pelo contrato de concessão, o reajuste anual deveria seguir critérios técnicos e ser apresentado de forma pública. No entanto, desde 2022 não há atualização tarifária, o que, segundo o SET, desequilibra o sistema e compromete a prestação do serviço.
Para especialistas, a falta de previsibilidade impede investimentos, reduz frota e amplia as chances de colapso operacional.
Risco real de paralisação e atraso de subsídios
Rodoviários denunciam atrasos salariais, falta de pagamento da assistência médica, tíquete-alimentação e outros direitos trabalhistas, cenário que leva a categoria a se mobilizar novamente.
Para agravar a situação, fontes do setor confirmam atrasos nos subsídios repassados pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), verba que complementa os custos do sistema e deveria garantir a continuidade da operação.
Sem recursos, empresas afirmam que não têm como manter a folha de pagamento nem honrar compromissos básicos — o que empurra a cidade para mais uma paralisação que pode afetar milhares de passageiros.
Cidade pode enfrentar novo caos no transporte
Com a defasagem tarifária, a queda de passageiros e os atrasos nos repasses, São Luís vê o sistema de transporte caminhar para um colapso anunciado. Caso a situação não seja regularizada, a cidade pode viver nas próximas semanas uma crise semelhante — ou até mais grave — do que a registrada em paralisações anteriores.
A Prefeitura ainda não se manifestou sobre os atrasos ou sobre a possibilidade de reajuste emergencial.
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