Um elogio feito pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) à senadora maranhense Eliziane Gama (PSD), aliada do governo Lula, provocou desconforto e reação imediata dentro do campo bolsonarista. A declaração ocorreu durante uma sessão solene no Senado Federal e rapidamente repercutiu nos bastidores da direita.
Em tom emocionado, Damares destacou a relação pessoal e espiritual que mantém com Eliziane, ressaltando momentos de oração conjunta dentro do próprio plenário do Senado. A fala surpreendeu lideranças conservadoras, especialmente por envolver uma parlamentar identificada com a base governista.
“Sabe quantas vezes a gente tem que correr uma para a outra, segurar a mão e orar aqui dentro desse plenário? (…) Eliziane, nós amamos sua vida. Amamos tudo o que você faz para o seu Estado e para o Brasil. Você é nossa irmã querida”, declarou Damares, pedindo ainda que a igreja ore pelas duas.
A manifestação foi interpretada por setores bolsonaristas como um gesto político inadequado, abrindo espaço para críticas públicas. No Maranhão, a reação mais contundente veio da vereadora de São Luís e presidente estadual do PL Mulher, Flávia Berthier.
Em declaração dura, Berthier questionou o elogio feito à senadora maranhense e acusou Eliziane de agir contra pautas conservadoras.
“É estranho ver elogios para quem sempre atacou conservadores e tratou a fé cristã com desdém. Quando alguém passa a aplaudir quem defende a cartilha da esquerda, é sinal de que precisamos ligar o alerta”, afirmou.
A vereadora foi além e classificou a postura como traição ideológica.
“O povo do Maranhão dará a justa paga a esta traidora!”, disparou.
O episódio evidencia as fissuras internas no campo conservador e expõe o embate entre a ala mais ideológica da direita e discursos que buscam pontes institucionais, inclusive no campo religioso. Nos bastidores, a fala de Damares foi vista como mais um sinal de desconforto entre lideranças bolsonaristas em ano pré-eleitoral.
