• Estudo revela níveis extremos de contaminação fecal na praia do Olho D’Água em São Luís

    Estudo revela que a praia do Olho d'Água, em São Luís, apresenta altos índices de contaminação fecal, afetando tanto a água quanto a areia.
    Estudo revela que a praia do Olho d’Água, em São Luís, apresenta altos índices de contaminação fecal, afetando tanto a água quanto a areia.

    Um estudo publicado na revista científica Thalassas: An International Journal of Marine Sciences revelou níveis alarmantes de contaminação fecal na praia do Olho D’Água, localizada em São Luís, Maranhão. A pesquisa, intitulada “Fecal Contamination in an Amazonian Macrotidal Beach” (Contaminação Fecal em uma Praia Amazônica de Macromaré), foi realizada entre junho e dezembro de 2022 e analisou a presença de bactérias fecais em três ambientes da praia: a água do mar, a água intersticial (dentro da areia) e os sedimentos superficiais.

    Contaminação fecal extrema na praia do Olho D’Água

    O estudo revelou que em determinados momentos a concentração de bactérias fecais foi 22 mil vezes superior ao limite considerado impróprio para banho, conforme os padrões do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). As bactérias E. coli e Enterococcus spp. apresentaram concentrações muito altas, especialmente no período de chuvas intensas, quando o escoamento de águas pluviais e o extravasamento da rede de esgoto pioram a situação da balneabilidade na região.

    Os valores extremos encontrados foram registrados principalmente na água do mar, com a bactéria E. coli alcançando a marca de 5.487.000 unidades por 100 mL e Enterococcus atingindo 8.842.000 unidades por 100 mL, níveis que extrapolam os limites legais estabelecidos pela legislação brasileira.

    Fatores que intensificam a contaminação fecal

    O estudo aponta que a localização da praia, na costa amazônica, é um fator crucial para o agravamento da contaminação fecal. O Olho D’Água sofre influência direta de várias condições que intensificam a poluição, como:

    • Descargas de esgoto sem tratamento adequado;
    • Aporte de águas de rios urbanos que carregam poluentes;
    • Variações bruscas de maré que redistribuem sedimentos contaminados;
    • Ocupação desordenada da orla, que contribui para o aumento do fluxo de poluentes.

    Preocupação com a areia e a água intersticial

    Outro ponto crítico destacado pelos pesquisadores foi a presença de contaminação fecal na areia e na água presente entre os grãos de areia, que muitas vezes retornam ao mar com o movimento das ondas. A falta de monitoramento das águas intersticiais e da areia é uma preocupação crescente, uma vez que muitos banhistas acreditam que o risco de contaminação está restrito apenas à água superficial. No entanto, o estudo revelou que tanto a areia quanto a água intersticial contêm níveis de bactérias perigosos, colocando em risco a saúde dos frequentadores da praia.

    Jorge Nunes, biólogo e pesquisador, alerta para o fato de que a legislação brasileira não prevê o monitoramento sanitário dos sedimentos da praia, o que subestima o risco real enfrentado pelos banhistas. Ele explica que, ao se limitar apenas à água superficial, as placas de balneabilidade podem induzir os frequentadores a acreditar que estão em segurança, quando na verdade o problema é muito mais amplo.

    Impactos à saúde pública

    A contaminação fecal na praia do Olho D’Água pode gerar uma série de problemas de saúde para os banhistas e moradores locais. O contato ou ingestão de água contaminada pode provocar:

    • Diarreias agudas;
    • Infecções intestinais;
    • Infecções de pele e ouvido;
    • Riscos adicionais para grupos vulneráveis, como idosos, gestantes e pessoas imunossuprimidas.

    De acordo com o estudo, cerca de 49,5% da população de São Luís ainda não tem acesso à coleta de esgoto, o que contribui diretamente para a poluição da praia e outros corpos d’água da cidade.

    Mancha escura e mau cheiro chamam atenção da população

    Em maio de 2023, uma grande mancha escura foi observada na praia do Olho D’Água, levantando suspeitas de esgoto lançado diretamente no mar. A água da praia exalava odor forte e apresentava coloração semelhante a esgoto. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) enviou uma equipe técnica para investigar a situação e coletar amostras da água para análise.

    O que diz o Governo do Maranhão

    Até o momento, o Governo do Maranhão não se manifestou oficialmente sobre o estudo ou sobre as ações necessárias para mitigar a contaminação fecal nas praias de São Luís.

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