
O Maranhão surge, mais uma vez, como um dos estados com maior capilaridade de facções criminosas na Amazônia Legal. O dado faz parte do relatório Cartografias da Violência na Amazônia 2025, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que identificou a presença de grupos organizados em 53 municípios maranhenses — um número que chama atenção não apenas pela quantidade, mas pela distribuição geográfica e pela complexidade do cenário.
O documento revela que o estado abriga, simultaneamente, algumas das facções mais influentes do país — Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC), Amigos dos Amigos (ADA) — além de organizações de origem local, como o Bonde dos 40 (B40) e o PCM. A coexistência de tantas facções em um mesmo território é considerada rara no Brasil e aumenta significativamente o potencial de conflitos, disputas armadas e crescimento da violência.
Um dos pontos mais alarmantes do relatório é que o avanço dessas organizações não se restringe às grandes cidades. Municípios rurais, ribeirinhos e intermediários, com pouca estrutura de segurança, também registram faccionamento. Cidades como Matinha, Palmeirândia, Morros, Santa Rita e Pedro do Rosário — locais historicamente pacatos — hoje figuram no mapa das facções, escancarando a interiorização da violência organizada.
Em Itapecuru-Mirim, o cenário é ainda mais extremo: quatro facções atuam simultaneamente (CV, PCC, B40 e ADA/B40). Já na Baixada Maranhense, a disputa territorial é marcada principalmente pela força do CV e do B40, enquanto no leste do estado prevalece o embate entre B40 e PCC. No sul, a hegemonia tende ao PCC, que também disputa espaço com o CV em algumas áreas.
A presença massiva dessas organizações está diretamente ligada ao aumento dos homicídios no estado. Segundo o relatório, o Maranhão foi o único estado da Amazônia Legal que registrou alta da violência em 2024. Em várias cidades, há relatos de conflitos abertos, ameaças, tiroteios e até ordens de “recolhimento obrigatório” impostas por facções. Em São Luís, confrontos diurnos e guerras entre grupos rivais se tornaram mais frequentes nos últimos anos.
Além da capital, municípios como Santa Inês, Pinheiro, Bacabal e São José de Ribamar vivem ciclos recorrentes de enfrentamentos entre o CV e o B40, com participação pontual do PCC e PCM, dependendo do bairro ou da região.
O relatório traz ainda a lista completa dos municípios com atuação de facções na Amazônia Legal maranhense, revelando uma distribuição que inclui desde grandes centros urbanos — como Imperatriz, São Luís, Açailândia e Bacabal — até cidades rurais isoladas como Cajapió, Vitorino Freire e Boa Vista do Gurupi. O avanço sobre áreas vulneráveis indica a tomada de territórios menos assistidos pelo Estado, facilitando o recrutamento de jovens e a expansão do tráfico.
A escalada da violência também reacende o alerta sobre a necessidade de políticas de segurança pública mais estruturadas, integradas e territorializadas — especialmente nas regiões de fronteira rural, onde a presença do poder público é mínima.
Diante dos dados apresentados, solicitamos um posicionamento oficial do Governo do Maranhão sobre o aumento da violência e a expansão das facções no estado, mas ainda aguardamos retorno.
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