
A greve dos rodoviários completou seis dias nesta quarta-feira (19) e já provoca um dos maiores colapsos recentes do transporte público na Grande São Luís. Com as empresas 1001 e Expresso Marina totalmente paralisadas, cerca de 30 bairros continuam sem ônibus desde a última sexta-feira (14). Para milhares de trabalhadores, estudantes e pacientes que dependem das linhas afetadas, o cotidiano virou uma corrida de resistência: longas caminhadas, caronas improvisadas, viagens por aplicativo ou até mesmo a impossibilidade de sair de casa.
Logo no início da manhã, representantes do Sindicato dos Rodoviários do Maranhão (Sttrema) e funcionários das empresas cruzadas permaneceram mobilizados na porta da garagem da 1001, onde os ônibus continuam sem circular. O clima é de pressão por avanços, enquanto os trabalhadores cobram garantias salariais e o cumprimento das decisões judiciais.
O presidente do sindicato, Marcelo Brito, voltou a afirmar que o problema não está no repasse estadual, mas na postura dos empresários. Segundo ele, os subsídios do Governo do Estado estão em dia e sempre foram pagos. Já em relação ao subsídio municipal, Brito afirma que falta transparência. “O subsídio do Estado não tá atrasado, nunca esteve. O problema são os empresários. Agora o subsídio do município precisa de alguém para se pronunciar, para conversar conosco”, declarou.
A paralisação afeta diretamente todo o eixo da Cohab – Cohatrac – Turu, bairros da Zona Rural, além de importantes regiões da Cidade Operária, São Raimundo, Socorrão / Rodoviária, Cidade Olímpica, Santa Clara, entre outras áreas que dependem da Expresso Marina. Já a 1001 deixa sem cobertura bairros como Ribeira, Tibiri, Vila Kiola, Vila Itamar, Parque Vitória, Parque Jair, Alto do Turu, Forquilha, Recanto Verde, Pedra Caída e Ipem Turu. Em todos eles, moradores relatam dificuldade para trabalhar e até a impossibilidade de chegar a consultas e procedimentos médicos.
Enquanto as linhas seguem paradas, a Justiça do Trabalho endureceu o tom. Nesta terça-feira (18), o TRT da 16ª Região intimou o Sindicato das Empresas de Transporte (SET) a comprovar, em até 48 horas, o pagamento integral dos salários e do auxílio-alimentação referentes a outubro. A determinação atende a uma denúncia do Sttrema sobre o descumprimento da liminar que estabeleceu reajuste salarial de 7% e aumento de 10% no vale-alimentação.
Em sua decisão, o desembargador Luiz Cosmo da Silva Júnior classificou como “grave” a possibilidade de nova paralisação causada por falta de pagamento e alertou que o descumprimento poderia esvaziar completamente a eficácia da decisão judicial que pretendia pacificar o conflito. A ordem atinge diretamente as empresas Transporte Marina Ltda., Expresso Rei de França Ltda. e Expresso Grapiúna Ltda., que devem apresentar contracheques ou comprovantes de transferência bancária. Caso a determinação seja descumprida, uma nova multa diária poderá ser aplicada ao sindicato patronal, além de outras medidas mais severas previstas em lei.
A crise ganhou mais um capítulo nesta terça-feira (18), quando a Justiça do Trabalho extinguiu, sem julgamento do mérito, a ação da Prefeitura de São Luís que pretendia depositar R$ 2 milhões em subsídios diretamente na Justiça para garantir o pagamento dos rodoviários. A juíza Noélia Maria Cavalcanti Martins e Rocha, da 5ª Vara do Trabalho, considerou que questões relacionadas à greve, dissídio coletivo e cumprimento de decisões liminares só podem ser tratadas no TRT-16, e não por varas trabalhistas. Com isso, o depósito municipal não pôde ser efetivado e todas as decisões seguem concentradas no Tribunal.
Enquanto a disputa jurídica continua, a população segue sendo a principal prejudicada. No Terminal da Cohama, passageiros relataram esperas superiores a uma hora e confusão por falta de alternativas. Na região do Turu, moradores precisaram caminhar até três quilômetros para encontrar transporte por aplicativo com tarifa ainda acessível. Em bairros da Cidade Operária, a rotina já é de atrasos, ausência no trabalho e famílias reorganizando completamente seus horários.
Sem um consenso entre prefeitura, empresas e sindicato, a greve já provoca efeitos econômicos e sociais visíveis e pode se tornar a mais crítica do transporte de São Luís nos últimos anos.
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