
Desgaste no Planalto: suplentes desafiam Lula em votação da anistia e expõem crise de lealdade entre ministros e governo
O Palácio do Planalto viveu um clima de irritação explícita nesta semana. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não engoliu o fato de suplentes de três ministros terem votado a favor da urgência do projeto da anistia a golpistas condenados, durante sessão na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (17).
Entre os nomes que contrariaram a orientação do governo estão Allan Garcês (PP-MA), suplente de André Fufuca (Esporte); Pastor Cláudio Mariano (União Brasil-PA), substituto de Celso Sabino (Turismo); e Ossesio Silva (Republicanos-PE), suplente de Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos). A movimentação soou como um tapa na cara do Planalto, que considera a rejeição à anistia um ponto de honra para Lula.
Nos bastidores, a leitura é de que houve omissão e “corpo mole” dos próprios ministros, que deveriam ter agido para convencer seus suplentes a não desafiar o governo. A situação ganha contornos ainda mais delicados diante do cenário político: Sabino já anunciou que deixará o cargo na quarta-feira (24), Fufuca tem prazo até o fim do mês para entregar a pasta, e apenas Costa Filho deve se manter até abril de 2026, quando terá de se desincompatibilizar.
Curiosamente, quem mostrou mais empenho para ajudar o governo foi Juscelino Filho (União Brasil), ex-ministro das Comunicações que caiu em desgraça após denúncias da PGR. Mesmo fora do cargo, Juscelino se mobilizou mais que os atuais colegas — um contraste que reforça a sensação de desgaste e fragilidade dentro da base governista.
O episódio expõe não apenas a falta de sintonia entre Lula e sua equipe ministerial, mas também o risco real de o Planalto perder ainda mais controle sobre sua base no Congresso. Um recado claro: a lealdade política, em Brasília, é cada vez mais um artigo raro.
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