Alexandre de Moraes autorizou o ex-presidente Jair Bolsonaro a realizar festa de 15 anos da filha Laura neste sábado (18), sob vigilância da Polícia Penal.

Alexandre de Moraes autorizou o ex-presidente Jair Bolsonaro a realizar festa de 15 anos da filha Laura neste sábado (18), sob vigilância da Polícia Penal.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta sexta-feira (17) o ex-presidente Jair Bolsonaro a realizar uma comemoração pelos 15 anos da filha, Laura Bolsonaro, em sua residência em Brasília, onde cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto.

De acordo com a decisão, o evento poderá ocorrer neste sábado (18), das 9h às 18h, com monitoramento integral da Polícia Penal Federal, responsável pela vigilância do imóvel.

A autorização determina que todos os veículos e convidados sejam revistados e que apenas pessoas previamente cadastradas possam entrar. Entre os convidados confirmados estão amigos de Laura, familiares e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), aliada próxima da família Bolsonaro.

Festa autorizada sob vigilância e regras rígidas

A medida, segundo Moraes, respeita o direito de convivência familiar, mas mantém fiscalização constante para impedir qualquer violação das condições da prisão domiciliar.

“O acompanhamento deverá ser feito em tempo integral por agentes da Polícia Penal Federal, sem uso de equipamentos de comunicação externos e sem presença de pessoas não autorizadas”, diz o despacho.

A autorização reforça a política do STF de equilibrar garantias individuais e cumprimento rigoroso das medidas cautelares impostas a réus de alta relevância política.

Por que Bolsonaro está em prisão domiciliar

A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro foi imposta no âmbito do inquérito que investiga o ex-presidente e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por suposta tentativa de influenciar o governo do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em ações de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do STF.

O caso, conduzido por Alexandre de Moraes, integra um conjunto de investigações sobre a trama golpista e os ataques às instituições democráticas.

Em setembro de 2025, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal condenou Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, formação de organização criminosa e incitação pública à desobediência militar.

Símbolo de tensão institucional

A decisão de Moraes é vista como um gesto controlado e simbólico. O ministro permite que Bolsonaro participe de um momento íntimo e familiar, mas sob vigilância total, reafirmando que nenhum benefício pessoal anula o cumprimento da pena.

Para analistas, a decisão também busca neutralizar críticas de que o Supremo estaria sendo excessivamente rigoroso, sem abrir brechas para novas alegações de perseguição política.

“Moraes demonstra que o STF aplica a lei com equilíbrio — reconhecendo direitos humanos básicos, mas sem relaxar o rigor das medidas impostas”, avalia um jurista ouvido pelo blog.

O impacto político da decisão

A autorização para a festa pode ser explorada por aliados do ex-presidente como um gesto de humanidade e por adversários como um possível privilégio.
Na prática, o STF sinaliza que atua dentro da legalidade, sem ceder à pressão política e mantendo o controle absoluto da situação.

A imagem de Bolsonaro recebendo familiares e amigos sob vigilância reforça um paradoxo: o homem que chegou ao topo do poder, agora vive monitorado pela Justiça que tentou confrontar.

Por que essa decisão importa

  • Institucionalmente, reafirma o poder do STF de fiscalizar medidas cautelares com equilíbrio e sem arbitrariedade.
  • Politicamente, mostra que mesmo figuras de grande influência continuam sujeitas ao cumprimento da lei.
  • Narrativamente, a festa de Laura se transforma em um retrato simbólico do novo papel de Bolsonaro — pai presente, mas sob custódia do Estado.

A autorização da festa de 15 anos de Laura Bolsonaro não é apenas um gesto familiar. É um episódio que sintetiza a nova realidade do ex-presidente — cercado por vigilância, isolado politicamente e condenado judicialmente, mas ainda símbolo de uma base social que tenta manter viva sua narrativa de injustiça.

O despacho de Moraes, ao mesmo tempo humanizado e firme, marca um novo capítulo da relação entre o STF e Bolsonaro, onde a Justiça observa cada passo — até mesmo os que se dão em meio a balões, música e bolo de aniversário.