Em entrevista ao podcast Tête-à-Tête, do jornalista Olavo Sampaio, a médica Dra. Marina Reis, especialista em obesidade e saúde metabólica, falou sobre uma das discussões mais atuais do universo da saúde: o uso de medicamentos como Ozempic (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida) no tratamento para emagrecimento e controle de doenças crônicas.
Segundo ela, embora ambos os fármacos tenham ações potentes no processo de emagrecimento, é fundamental compreender que seus mecanismos e efeitos no organismo são diferentes. “Quando você emagrece, você melhora a saúde da pessoa como um todo”, afirmou Marina. “Você previne qualquer doença crônica.”
O Ozempic age a partir do hormônio GLP-1, reduzindo o apetite e controlando a glicemia, com eficácia comprovada na diminuição da gordura visceral — a gordura que se instala entre os órgãos e representa risco cardiovascular. Já o Mounjaro combina o GLP-1 com o GIP, hormônio adicional que, segundo Marina, amplia o alcance dos efeitos metabólicos e atua também sobre a gordura subcutânea, aquela associada à estética, como a da barriga e das coxas.
“Além disso, o GIP bota energia no músculo. A pessoa sente mais disposição, mais vontade de se movimentar, de fazer atividade física, o que não acontecia com todos os pacientes que usavam o Ozempic”, destacou. A especialista também apontou que o Mounjaro parece gerar menos efeitos adversos, como enjoo e cansaço, comuns no tratamento com semaglutida.
Contudo, Marina é categórica: o medicamento, por si só, não resolve. “Não é receita de bolo. O mais importante é saber o momento certo de começar, a dose adequada e, principalmente, entender o perfil fenotípico da obesidade daquele paciente”, disse. Ela explica que diferentes comportamentos alimentares — como o hábito de beliscar doces, comer grandes volumes ou consumir frituras — exigem abordagens distintas.
Nesse ponto, a médica reforça a importância de exames personalizados como a metabolômica, que ajudam a identificar com precisão o estado metabólico do paciente e a guiar um plano mais efetivo e seguro. “Mais importante do que entender do Mounjaro é ter a consciência de que se você usar por conta própria, pode estar jogando dinheiro fora e comprometendo sua saúde.”
Mesmo já aprovado e utilizado em países como Estados Unidos e Emirados Árabes, o Mounjaro ainda não estava disponível nas farmácias brasileiras até recentemente. Com sua regularização em curso, cresce o interesse pelo medicamento, mas Marina alerta: orientação médica é indispensável. “O manejo correto do tratamento exige conhecimento técnico e acompanhamento constante.”
Este e outros pontos sobre o uso de medicamentos para emagrecimento foram debatidos em profundidade no episódio completo da entrevista com a Dra. Marina Reis, já disponível no canal de YouTube do jornalista Olavo Sampaio. Abaixo, você confere um corte com os principais trechos da conversa.
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