BRASÍLIA — A Polícia Federal concluiu o inquérito que investigava denúncias de assédio e importunação sexual contra o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e formalizou seu indiciamento. O relatório final foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde o ministro André Mendonça irá encaminhar o caso para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR). Caberá ao órgão decidir se apresenta ou não denúncia.
O caso corre sob sigilo e marcou uma das crises mais sensíveis enfrentadas pelo governo Lula no ano passado. Almeida foi demitido do cargo logo após virem à tona denúncias recebidas pela ONG Me Too Brasil — organização que acolhe vítimas de assédio. Desde então, ele nega todas as acusações. A defesa informou que não vai comentar o indiciamento.
Depoimentos incluem ministra Anielle Franco
O inquérito da PF ouviu servidoras, membros do governo e outras mulheres que relataram ter sido importunadas por Silvio Almeida. Entre elas está a atual ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que prestou depoimento à Polícia Federal.
Em entrevista ao Fantástico, em outubro do ano passado, Anielle detalhou que as supostas importunações começaram em 2023 e teriam perdurado por cerca de um ano.
“Mulher nenhuma deveria passar por isso”, disse Anielle
A ministra relatou que o comportamento do ex-ministro começou com comentários inadequados e evoluiu para situações consideradas abusivas. Um dos episódios mencionados teria ocorrido durante uma reunião de trabalho em maio de 2023.
Segundo Anielle, Almeida teria a tocado por debaixo da mesa, na presença de outros integrantes do governo, incluindo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
“Começa com falas e cantadas mal colocadas e vai escalando para um desrespeito pelo qual eu não esperava. Até situações que mulher nenhuma precisa passar ou merece passar.” — afirmou Anielle ao programa.
E agora? O que acontece a partir do indiciamento
Com o relatório em mãos, o ministro André Mendonça deve encaminhar o caso para a PGR, que decidirá se oferece denúncia, pede novas diligências ou arquiva o inquérito.
Caso a PGR apresente denúncia e ela seja aceita pelo STF, Almeida se tornará réu.
