MARANHÃO — A Polícia Rodoviária Federal no Maranhão alcançou, em 2025, o maior número de veículos recuperados da série histórica no estado. Ao todo, 1.073 veículos com registro de roubo, furto, apropriação indébita ou adulteração de sinais identificadores foram localizados ao longo do ano, segundo dados oficiais divulgados pela corporação.
O número representa um crescimento expressivo de 187% em relação a 2024, quando 373 veículos foram recuperados em operações realizadas nas rodovias federais que cortam o Maranhão. O resultado reforça o impacto direto da intensificação das fiscalizações e do uso de inteligência policial no combate às fraudes veiculares.
Fiscalizações mais rigorosas explicam aumento
De acordo com a PRF, o aumento no volume de veículos recuperados está diretamente ligado à ampliação das abordagens, ao uso de tecnologias de identificação veicular e à realização de operações temáticas ao longo de 2025. As ações foram concentradas principalmente em rodovias federais estratégicas, utilizadas com frequência para o transporte e escoamento de veículos de origem ilícita.
As equipes atuaram de forma integrada, cruzando informações de bancos de dados nacionais com análises técnicas de chassi, motor, placas e etiquetas de identificação, o que permitiu identificar irregularidades que, muitas vezes, passam despercebidas em fiscalizações comuns.
Veículos adulterados lideram as ocorrências
O levantamento da PRF mostra que os veículos com sinais de adulteração lideraram as ocorrências registradas em 2025. Do total recuperado, 463 veículos apresentavam algum tipo de fraude, como:
- clonagem de placas;
- adulteração de chassi;
- alterações no número do motor;
- supressão ou remarcação de sinais identificadores.
Esse número representa um aumento de 198% em comparação com 2024, quando 155 veículos adulterados foram localizados no estado.
Segundo a PRF, grande parte desses veículos está ligada a redes criminosas interestaduais, que atuam no roubo e furto em outros estados e utilizam o Maranhão como rota de circulação ou destino final. Muitos desses automóveis acabam sendo vendidos de forma irregular, principalmente por meio de anúncios em redes sociais e plataformas digitais.
Compradores alegam desconhecimento, mas há responsabilização
Durante as abordagens, é comum que condutores e compradores aleguem desconhecimento da origem ilícita do veículo. No entanto, a PRF alerta que a legislação brasileira prevê responsabilização criminal, mesmo quando não há comprovação de participação direta na fraude.
Conduzir veículo com sinais identificadores adulterados é crime previsto no artigo 311 do Código Penal. Após alterações promovidas pela Lei nº 14.562/2023, a punição passou a alcançar também quem conduz o veículo adulterado, e não apenas quem realizou a adulteração.
A pena prevista é de três a seis anos de reclusão, além de multa, o que torna esse tipo de infração uma das mais graves no contexto dos crimes veiculares.
Orientação ao consumidor e alerta da PRF
A PRF reforça que a compra de veículos deve ser feita com atenção redobrada, especialmente quando os preços estão muito abaixo do valor de mercado. A orientação é que o consumidor:
- verifique a procedência do veículo;
- consulte o histórico junto aos órgãos oficiais;
- evite negociações informais sem documentação adequada;
- desconfie de anúncios em redes sociais sem referências claras.
Segundo a corporação, a combinação entre prevenção, educação do consumidor e fiscalização rigorosa é fundamental para reduzir o mercado ilegal de veículos e enfraquecer organizações criminosas que atuam nesse segmento.
Combate ao crime e impacto na segurança pública
O recorde de veículos recuperados em 2025 também representa um avanço importante na segurança pública do Maranhão, já que muitos desses automóveis são utilizados para a prática de outros crimes, como roubos, tráfico de drogas e transporte ilegal de mercadorias.
A PRF informou que as ações de combate às fraudes veiculares devem ser mantidas e ampliadas em 2026, com foco no uso de inteligência, integração entre forças de segurança e aprimoramento tecnológico nas fiscalizações.
