A Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), lançou, nessa quarta-feira (22), na Unidade de Educação Básica (U.E.B.) Luís Viana, o programa Dignidade Menstrual na Escola.
Na oportunidade foram distribuídos absorventes higiênicos e descartáveis para estudantes do 8º e 9º ano da rede municipal de ensino de São Luís, em idade menstrual. O prefeito Eduardo Braide esteve presente na cerimônia, destacando a importância da parceria entre o poder municipal e a UNICEF na realização dessa e de outras ações, além de evidenciar que os homens precisam desempenhar um papel de mais acolhimento e respeito às mulheres nesse período.
“Gostaria de dizer o quanto me sinto feliz, enquanto prefeito, em colocar esse programa que veio para ficar. Essa não é uma entrega que vai acontecer só hoje, ela vai acontecer sempre daqui para frente porque será uma política implantada no município de São Luís. Eu sou pai de duas meninas e sou casado com a Graziela e sei da importância de sabermos entender, compreender o momento que a mulher passa durante o período menstrual. É uma mudança que acontece no organismo que meche com toda a situação biológica da mulher e a gente precisa dar a nossa parcela de contribuição também, para que a dignidade menstrual verdadeiramente aconteça, não só com a entrega do absorvente, mas com o entendimento e o acolhimento que nós temos que ter em relação a todas que passam por essa situação”, disse o prefeito Eduardo Braide.
Na ocasião, o prefeito ainda aproveitou para anunciar a remodelagem dos uniformes escolares de São Luís e entrega desse fardamento novo nos próximos dias a todos os estudantes de São Luís, além da entrega também de kit de material esportivo e jogos pedagógicos.
Durante a programação, os estudantes também participam de uma oficina educativa sobre o tema. Eles foram divididos em equipes, fizeram cartazes onde puderam expressar e depois apresentar o que haviam aprendido sobre dignidade menstrual, empoderamento e respeito às mulheres.
Foto: @DivulgaçãoA menstruação é um processo natural do corpo da mulher que marca o início da puberdade e é caracterizada pelo sangramento causado pela descamação do útero quando não há fecundação. Geralmente inicia entre os 11 e 13 anos de idade e possui o ciclo médio de 28 dias.
Durante o evento, a estudante Meyriane Cristina Almeida Maciel Bezerra, representando todas as meninas da escola, agradeceu a realização do projeto e destacou a importância e forma como o assunto estava sendo tratado.
“Eu estou aqui, em meio a todas as garotas dessa escola, para agradecer pelo que está sendo feito hoje para nós porque esse assunto está sendo trazidos hoje para cá de forma muito importante e divertida, principalmente porque tem garotos aqui que não sabiam que nós meninas sofríamos por isso. A menstruação não é uma doença, é uma fase que nós garotas passamos todos os meses, sentimos cólicas, estresse. Por isso, eu agradeço por essa oportunidade que é muito importante para nós”, declarou Meyriane.
A secretária municipal de educação, Caroline Marques Salgado, frisou que o programa, além de dar mais dignidade combatendo a pobreza menstrual, ajuda a quebrar tabus e ainda a lutar contra a evasão escolar.
“Esse programa é muito além da distribuição de absorventes. É, de fato, uma forma de quebrar tabus, gerar uma cultura de autoconhecimento e respeito sobre um tema que é muito importante, que é natural das pessoas, que é uma fase das nossas vidas, mas que por muito tempo ficou escondido, gerando mitos, incerteza, vergonha. Eu, enquanto mulher, no mês da mulher, estou realmente muito realizada por estar aqui participando dessa ação. Nosso prefeito deu, desde o início, a determinação para que nós garantíssemos esse direito às nossas estudantes, que têm o direito a acessar esse bem, que parece simples, mas que é muito significativo para o combate à evasão escolar, para o rendimento das estudantes. Porque não ter acesso a algo que proteja, que permite a higiene, a segurança nesses dias de menstruação, traz muito mais repercussão para as atividades cotidianas dessas meninas”, enfatizou a secretária Caroline Marques Salgado.
Foto: @DivulgaçãoA gestora da U.E.B. Luís Viana, onde a abertura do programa foi realizada, Ana Claudia de Jesus Menezes, destacou a felicidade que estava sentindo pela oportunidade que os estudantes estavam tendo e pediu que eles propagassem tudo que estavam aprendendo naquele momento, diante da importância do tema.
“Estou feliz por vocês, pela oportunidade que vocês estão tendo de ter acesso a esse conhecimento, de uma forma leve, divertida e quebrando muitos tabus. Que vocês aproveitem e disseminem o conhecimento que vocês tiveram aqui. Levem para casa. Meninos levem para as irmãs, para as mães, para as tias de você porque é muito importante”, pediu a gestora.
Pobreza menstrual e a evasão escolar
Em uma enquete realizada pelo UNICEF em 2021, com 1,7 mil crianças e adolescentes que menstruam, 62% afirmaram que já deixaram de ir à escola ou a algum outro lugar de que gostam por causa da menstruação e 73% sentiram constrangimento nesses ambientes. A Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2014, já reconheceu o direito à higiene menstrual como uma questão de saúde pública e de direitos humanos.
“Esse tema da dignidade menstrual é muito importante. Ter dignidade na vida é importante para tudo. Para viver, para morar, para se alimentar, para se divertir e também para coisas que a gente não costuma pensar. Nós que menstruamos pensamos nisso, mas a sociedade às vezes não pensa. Então é muito importante a gente também ter dignidade para menstruar, tendo informação, sabendo quando e como isso vai acontecer e ter os meios para se cuidar. A menstruação é um processo natural, ninguém precisa ter vergonha. A gente precisa se apoiar. Quando chega um programa como esse é porque vocês estão conquistando mais espaço, mais direito e mais dignidade”, destacou a especialista em educação e proteção de criança e adolescente da UNICEF, Lissandra Leite.
O programa da Prefeitura de São Luís alcançará mais de 20 mil estudantes dos anos finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, e da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em todas as escolas municipais, garantindo dignidade e segurança para a continuidade dos estudos, reduzindo a evasão escolar e melhorando o nível das aprendizagens.
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