
Angela Ro Ro (1949 – 2025): talento, polêmica e voz eterna da MPB.
O Brasil perdeu, nesta segunda-feira (8), uma de suas vozes mais únicas e autênticas. A cantora e compositora Angela Ro Ro morreu aos 75 anos, após semanas de internação em um hospital no Rio de Janeiro, onde lutava contra um grave quadro de infecção pulmonar.
Nascida Angela Maria Diniz Gonsalves, a artista adotou o nome que virou marca registrada ainda na infância, apelido inspirado pela voz rouca que se tornaria sua característica mais marcante.
A trajetória musical começou longe do Brasil, em Londres, no início da década de 1970, período em que sobreviveu com trabalhos como garçonete, lavadora de pratos e até faxineira de hospital. Foi nesse cenário que começou a se apresentar em pubs londrinos. Pouco depois, em 1971, ganhou destaque ao tocar gaita na gravação de “Nostalgia”, no histórico álbum “Transa”, de Caetano Veloso.
Em 1979, lançou o primeiro disco solo, um LP homônimo, composto apenas por canções autorais. Ali nasceram clássicos como “Amor Meu Grande Amor” e “Balada da Arrasada”, que consolidaram Angela como um dos nomes mais originais da MPB.
Mas a carreira da artista nunca foi apenas sobre música. Polêmicas e posicionamentos fortes acompanharam sua vida pública. Angela foi uma das primeiras cantoras brasileiras a se assumir lésbica em um período de forte preconceito. Chegou a declarar que Maria Bethânia era “enrustida” e viveu um romance com a cantora Zizi Possi, fato que gerou grande repercussão na época. A luta contra o alcoolismo e a dependência química também marcou sua trajetória, mas nunca diminuiu a potência de sua voz e sua autenticidade no palco.
Ao todo, Angela Ro Ro deixou mais de 100 gravações distribuídas em 14 discos próprios, além de participações em coletâneas e especiais que atravessaram gerações. Com uma legião de fãs espalhados pelo país, a artista se despede deixando como legado uma obra visceral, sincera e atemporal.
Sua voz, suas composições e sua coragem seguirão ecoando na história da música brasileira.
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