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Justiça condena réus por desmatamento e criação ilegal de gado na Reserva Biológica do Gurupi; multa ultrapassa R$ 9,7 milhões

Área da Reserva Biológica do Gurupi, no Maranhão, onde foi constatado desmatamento e criação irregular de gado; Justiça determinou indenização milionária.

Área da Reserva Biológica do Gurupi, no Maranhão, onde foi constatado desmatamento e criação irregular de gado; Justiça determinou indenização milionária.

A Justiça Federal condenou dois homens por danos ambientais causados dentro da Reserva Biológica (Rebio) do Gurupi, uma unidade de conservação federal de proteção integral localizada no Maranhão, próxima à divisa com o Pará. A decisão, proferida pela 8ª Vara Federal Ambiental e Agrária do Maranhão, atendeu parcialmente a uma ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF) e confirmou a prática de desmatamento, exploração madeireira e criação irregular de gado dentro da reserva.

Desmatamento e exploração madeireira

De acordo com o MPF, as infrações foram constatadas em ações fiscalizatórias do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que resultaram em autos de infração, embargos e apreensão de equipamentos e madeira extraída ilegalmente.

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As irregularidades ocorreram na Fazenda Itapemirim, localizada dentro dos limites da Rebio Gurupi, onde os réus transformaram áreas de floresta nativa em pastagens e realizaram comércio ilegal de madeira.

A investigação apontou que um dos acusados atuava como madeireiro, empregando trabalhadores para o corte e transporte de toras. Quatro funcionários foram presos em flagrante com trator, empilhadeira e motosserras durante operação da Polícia Federal.

Argumentos rejeitados pela Justiça

A defesa dos réus alegou que as ocupações seriam anteriores à criação da unidade de conservação e que haveria omissão do Estado na regularização fundiária e desapropriações das áreas.
O juiz, no entanto, rejeitou os argumentos, afirmando que a ausência de desapropriação não autoriza a exploração econômica dentro de uma área de proteção integral, nem afasta a responsabilidade civil ambiental, que é objetiva — ou seja, independe de culpa e alcança tanto o proprietário quanto quem causou diretamente o dano.

“A eventual omissão estatal não legitima atividades econômicas em áreas protegidas. A preservação ambiental é dever de todos”, destacou o magistrado.

Multa milionária e recuperação ambiental

Os réus foram condenados a interromper imediatamente qualquer atividade econômica na área e a apresentar um Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) em até 90 dias, sujeito à aprovação do ICMBio. A execução deve começar em até 30 dias após a aprovação e ser concluída no prazo máximo de dois anos, com acompanhamento técnico por cinco anos.

Além disso, a Justiça fixou indenização por danos ambientais de R$ 9,7 milhões, valor apurado em laudo pericial de 2023, a ser corrigido pelo IPCA-E e acrescido de juros de 1% ao mês a partir da data de citação.

Danos interinos e destino dos valores

A sentença também prevê o pagamento de indenização por danos interinos, conhecidos como lucros cessantes ambientais, correspondentes ao período em que os recursos naturais ficaram indisponíveis.

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O montante será definido em fase de liquidação de sentença e, assim como a indenização principal, será destinado ao Fundo Nacional de Direitos Difusos (FNDD), responsável por financiar ações de reparação ambiental e social.

Ainda cabe recurso da decisão.

Rebio do Gurupi: proteção vital da Amazônia maranhense

Criada em 1988, a Reserva Biológica do Gurupi é uma das mais importantes áreas de conservação do bioma amazônico no Maranhão. Abriga espécies ameaçadas, como onça-pintada, macaco cuxiú-preto e harpia, e desempenha papel crucial na preservação da floresta e dos recursos hídricos da região.

O caso reforça o compromisso das instituições federais no combate ao desmatamento e à ocupação ilegal em unidades de conservação, uma das principais frentes da agenda ambiental brasileira.

Crimes ambientais em Timbotuba reforçam urgência de criar RPPN em Alcântara

Crimes ambientais devastam Timbotuba, e moradores pressionam pela criação da RPPN Shipping Protection para salvar florestas, manguezais e nascentes.

Crimes ambientais devastam Timbotuba, e moradores pressionam pela criação da RPPN Shipping Protection para salvar florestas, manguezais e nascentes.

A escalada de crimes ambientais nas Terras de Timbotuba, município de Alcântara (MA), tem mobilizado a comunidade local e organizações ambientais em torno da criação urgente de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Lideranças denunciam que a extração ilegal de madeira, a fabricação clandestina de carvão, a caça predatória e o desmatamento descontrolado estão destruindo fauna, flora e recursos hídricos. Nascentes, córregos, brejos e lagos estão desaparecendo, e áreas antes verdes apresentam sinais de desertificação.

Propriedade e projeto de conservação

As terras pertencem à agência marítima Shipping Protection, que adquiriu a área em 2023 com a intenção de transformá-la em uma RPPN. O projeto cobre aproximadamente 1 700 hectares e inclui ecossistemas sensíveis como manguezais, florestas nativas e áreas de preservação permanente. O Cadastro Nacional de RPPNs do ICMBio confirma que a propriedade, chamada Timbotuba, soma 1 827,90 hectares, dos quais 1 700,41 hectares foram destinados à RPPN Shipping Protection. Apesar do processo já estar em tramitação no ICMBio, a oficialização ainda não ocorreu, permitindo que a destruição avance.

Clamor da comunidade

O líder comunitário Osmar Mendes, Presidente da Associação de Novo Belém, mostra como a região já sofre com desmatamento ilegal e outros crimes ambientais, que poderiam ser barrados com a criação da Reserva.

O líder comunitário Osmar Mendes, Presidente da Associação de Novo Belém, mostra como a região já sofre com desmatamento ilegal e outros crimes ambientais, que poderiam ser barrados com a criação da Reserva.

Para Osmar Mendes, presidente da Associação de Novo Belém, a demora na oficialização da reserva é o “maior crime ambiental da região”. “Nossa comunidade assiste, sem poder fazer nada, aos crimes ambientais que acontecem diariamente. A criação da reserva é urgente para frear essas ações e garantir o futuro dessa floresta, sua fauna e flora”, afirmou. A comunidade vê na RPPN uma chance de proteger a natureza e ao mesmo tempo criar oportunidades sociais. A proposta inclui a construção de uma escola comunitária gratuita voltada para a formação de jovens quilombolas, conforme explicou o diretor da Shipping Protection, Kledilton Cutrim Pinto, alinhando o projeto aos princípios ESG da empresa.

Líderes locais relatam que a região é invadida por caçadores e produtores ilegais de carvão. Silvanira dos Santos Araújo, presidenta da Associação Comunitária do Povoado de Segurado, descreve o cenário: “Eles entram na floresta com espingardas, derrubam madeira em larga escala e deixam um grande rastro de destruição”. Fátima Sampaio, secretária da Associação de Novo Belém, reforça que proteger a área é “fundamental para garantir a preservação da fauna e da flora para os nossos filhos e netos”. Moradora da região, Jucélia Mendes destaca que a reserva pode gerar capacitação e renda com a escola comunitária.

Importância das RPPNs

As Reservas Particulares do Patrimônio Natural são unidades de conservação de proteção integral, criadas voluntariamente pelos proprietários e fiscalizadas pelo ICMBio. No Maranhão existem apenas 14 RPPNs reconhecidas, número considerado baixo para a riqueza ambiental do estado. O especialista Flavio Ojidos ressalta que, por nascerem de um ato voluntário e perpétuo, as RPPNs representam ações concretas de conservação e combate às mudanças climáticas. No Brasil, essas reservas somam mais de 800 mil hectares distribuídos por todos os biomas.

A luta dos moradores de Timbotuba expõe a urgência de fortalecer as políticas de conservação no Maranhão. Com o apoio da sociedade civil e de órgãos ambientais, a efetivação da RPPN Shipping Protection pode transformar a área em um exemplo de desenvolvimento sustentável, combinando preservação ambiental, educação e geração de renda para as comunidades locais.

Plano contra desmatamento ilegal e queimadas é lançado com metas para os próximos 4 anos

Com mais de 190 ações e cerca de 30 instituições envolvidas na sua construção, o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas (PPCDQ/MA) foi lançado nesta quarta-feira (18), no auditório do Palácio Henrique de La Roque, pelo Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema). O processo de revisão e atualização do plano contou com amplo processo participativo iniciado desde 2023, e suas metas deverão nortear a atuação dos órgãos ambientais no estado até 2027.

O esforço conjunto teve a colaboração de órgãos públicos, entidades privadas, ONGs, representantes de povos indígenas, comunidades tradicionais, da agricultura familiar ao agronegócio. Serviu de base para a elaboração do documento consultas públicas, pesquisa, oficinas e sensibilização dos envolvidos.

O secretário da Sema, Pedro Chagas, deu destaque ao conjunto de ações, informações e dados contidos no plano. “É um conjunto de conhecimentos que norteará as ações ambientais para reduzir o desmatamento ilegal no estado, a partir de eixos como monitoramento e controle, prevenção de queimadas, incentivo a cadeias produtivas, zoneamento econômico ecológico, fomento às atividades de educação ambiental e outras metas integradas que reforçam a gestão municipalista do governador Carlos Brandão”, frisou o secretário.

Durante o evento foi feita a apresentação do plano e distribuído exemplar impresso às instituições que participaram do processo de construção do documento. A versão digital poderá ser consultada no site da Sema ou pelas redes sociais.

A atualização do PPCDQ/MA teve apoio do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) que contribuiu para a definição de metas, identificação de áreas prioritárias e proposição de soluções de combate ao desmatamento e das queimadas.

Para Gabriela Savian, diretora de Políticas Públicas do IPAM, o PPCDQ é um plano estratégico que produz boas práticas e aprimora a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável. “É uma grata oportunidade consolidar esse plano, pois somos parceiros desde 2018, contribuindo e dando suporte científico nesse contexto de emergência climática. São ações concretas que irão reduzir impactos ambientais negativos e a chave para que o controle possa acontecer e continue sendo sustentado ao longo do tempo”, enfatizou.

A meta é reduzir de forma contínua o desmatamento ilegal e as queimadas no estado, criando condições para um modelo de desenvolvimento sustentável, com proteção dos biomas, manejo seguro dos recursos naturais.

O plano também fortalecerá as atividades do programa Maranhão Sem Queimadas, que vem realizando ações de monitoramento, prevenção e controle de queimadas em diversas regiões do estado, em parceria com o Corpo de Bombeiros, Batalhão da Polícia Ambiental, brigadas municipais, órgãos estaduais e empresas privadas.

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão, Célio Roberto, parabenizou a Sema e todos os envolvidos na elaboração do PPCDQ. “Esse é mais um instrumento que auxiliará o nosso trabalho. O Corpo de Bombeiros atualmente trabalha com 160 militares especializados em combate a incêndios florestais atuando no estado. Hoje, a situação do Maranhão é mais confortável em relação ao ano anterior, passamos da 4ª para a 6ª posição, e o trabalho de monitoramento da sala de situação da Sema permite o combate em tempo hábil, principalmente nesse período de escassez de chuvas”, ressaltou.

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