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Governo Federal pede investigação da PF sobre fraudes no Seguro-Defeso; Maranhão lidera suspeitas

Operação investiga fraudes no Seguro-Defeso: Maranhão lidera número de beneficiários suspeitos, com 590 mil registros de pescadores artesanais.

O Governo Federal acionou a Polícia Federal para investigar suspeitas de fraudes na concessão do Seguro-Defeso do Pescador Artesanal em diversos municípios do Brasil. O pedido foi feito pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), após auditoria apontar práticas criminosas em diferentes estados.

Fraudes e coação contra pescadores

De acordo com as apurações, foram identificados dois tipos principais de irregularidades. No primeiro, atravessadores coagiam pescadores artesanais legítimos a repassarem parte do valor recebido do benefício. No segundo, pessoas sem direito ao Seguro-Defeso eram induzidas a obter o recurso de forma fraudulenta, mediante informações falsas orientadas pelos intermediários.

O ministro da CGU, Vinícius Marques de Carvalho, classificou as descobertas como “casos muito graves”. Segundo ele, havia inclusive orientações para fraudar o sistema em troca de parte do valor do benefício, prejudicando pescadores que realmente dependem do seguro.

Auditoria revelou irregularidades em 7 estados

As informações fazem parte da primeira etapa de uma auditoria já prevista no Plano Anual de Atividades de Auditoria Interna (PAINT). O trabalho incluiu entrevistas em 23 municípios de 7 estados que concentram elevado número de beneficiários.

Embora o relatório completo só deva ser concluído em dezembro, os primeiros achados já foram enviados à Polícia Federal, em sigilo judicial. O objetivo é aprofundar as investigações e coibir práticas criminosas que envolvem recursos públicos federais.

Maranhão e Pará concentram maior número de suspeitas

O levantamento apontou que o Maranhão lidera o número de beneficiários do Seguro-Defeso, com 590 mil pescadores registrados, o que representa quase um terço do total nacional. O Pará aparece na sequência, também entre os maiores em registros.

No entanto, os números não condizem com a produção. Em 107 municípios do Maranhão e do Pará, a produção aquícola registrada é inferior a 10 quilos de peixe por ano por suposto pescador, um dado que reforça os indícios de fraude. Nessas cidades, vivem 319,8 mil beneficiários, cerca de um terço dos que recebem o seguro-defeso nos dois estados.

O contraste é ainda maior quando se observa a produção: em 2022, o Maranhão ocupou apenas a sexta posição no ranking nacional, com 50,3 mil toneladas de pescado. O Pará produziu ainda menos: 25,1 mil toneladas. Para comparação, o Paraná, líder do setor, produziu 194,1 mil toneladas no mesmo ano.

Estrutura pesqueira precária no Maranhão

Outro dado que chama atenção é a infraestrutura: o Maranhão possui apenas 621 embarcações cadastradas e nenhuma empresa pesqueira registrada, o que contrasta com estados como Santa Catarina, que possui 218 empresas ativas no setor.

Essa discrepância entre cadastros de pescadores e produção real de pescado acendeu o alerta das autoridades e fortaleceu o pedido de investigação federal.

Novas medidas de controle

Para tentar conter fraudes, o Governo Federal anunciou que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) passará a exigir verificação presencial dos requisitos legais para habilitação ao benefício. Até agora, todo o processo era feito de forma remota, por aplicativo ou pela central do INSS.

Inicialmente, equipes do MTE serão deslocadas para Amazonas, Bahia, Maranhão, Pará e Piauí, estados que concentram 75% dos pescadores artesanais registrados no país. A mudança deve ocorrer a partir de outubro, mês em que aumentam os pedidos do seguro.

O endurecimento das regras busca proteger os pescadores artesanais legítimos e evitar que recursos públicos continuem sendo desviados por atravessadores e fraudes organizadas.

Operação resgata 80 trabalhadores em condições análogas à escravidão no Maranhão

Uma operação conjunta realizada entre 13 de julho e 26 de agosto resgatou 80 trabalhadores em situação análoga à escravidão nos municípios de Magalhães de Almeida e Barreirinhas, no Maranhão. A ação contou com a Polícia Federal, auditores-fiscais do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho.

Em Magalhães de Almeida, foram encontrados 76 trabalhadores na extração da palha de carnaúba. Eles viviam em alojamentos precários, sem água potável, banheiros ou alimentação digna, em condições degradantes e de grave violação aos direitos humanos.

Já em Barreirinhas, a fiscalização impediu que quatro pescadores embarcassem em uma jornada de até 15 dias em mar aberto. Eles estariam expostos a riscos severos de saúde e segurança, sem garantias mínimas para a atividade.

Todos os trabalhadores foram afastados imediatamente e receberam encaminhamento para seus direitos. Os responsáveis foram identificados e notificados a pagar as verbas trabalhistas e indenizações por danos morais.

Na esfera penal, a Polícia Federal instaurará inquérito para apurar responsabilidades e aplicar punições aos envolvidos. O Ministério Público do Trabalho reforçou que denúncias anônimas são fundamentais para localizar casos semelhantes.

O resgate de 80 pessoas é considerado uma das maiores ações recentes no Maranhão e evidencia a necessidade de intensificar a fiscalização em setores como a carnaúba e a pesca, historicamente associados a casos de exploração no estado.

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