Elenco principal da GE TV: jornalismo esportivo com cara de programa de humor, mas ainda longe do impacto da CazéTV.

Elenco principal da GE TV: jornalismo esportivo com cara de programa de humor, mas ainda longe do impacto da CazéTV.

Elenco principal da GE TV: jornalismo esportivo com cara de programa de humor, mas ainda longe do impacto da CazéTV.A estreia da GE TV, nova aposta esportiva da Globo no YouTube, deixou claro: para competir com a CazéTV, fenômeno digital comandado por Casimiro Miguel, a emissora terá de suar muito. A primeira transmissão, Brasil x Chile no Maracanã, reuniu 1,4 milhão de pessoas simultaneamente. Parece expressivo, mas é apenas 20% do total de seguidores do canal — e, convenhamos, distante do recorde da CazéTV, que bateu 2,2 milhões de dispositivos conectados em Corinthians x Cruzeiro, em julho.

O número até pode ser justificado pela falta de apelo do amistoso da Seleção, já classificada para a Copa de 2026. Mas o fato é que, mesmo com overdose de divulgação em todos os veículos da Globo, a estreia ficou aquém das expectativas. A Globo levou peso, mas faltou alma.

O estilo da transmissão confirmou o que já era previsto: tom leve, piadas, comentários descontraídos. O “DNA Cazé” foi copiado. Mas aí mora o problema: quem imita dificilmente conquista. O público jovem que fez da CazéTV um fenômeno não se conecta só pelo formato, mas pela autenticidade do streamer carioca, que cresceu junto com essa audiência nas redes.

É inevitável lembrar de Tiago Leifert, que foi duramente criticado quando levou humor para o “Globo Esporte”. Na época, parecia deslocado. Hoje, virou padrão de mercado. A diferença é que Casimiro não precisou de TV aberta para legitimar seu estilo — ele nasceu na internet, onde o público decide em tempo real se fica ou sai.

A GE TV tem estrutura, talentos e dinheiro. As cotas de patrocínio já estrearam vendidas, com valores entre R$ 15 milhões e R$ 40 milhões, segundo o Meio & Mensagem. Mas falta encontrar uma personalidade própria, sem parecer um canal genérico na tentativa de ser “a versão Globo da CazéTV”.

Outro ponto que pesa contra a Globo é o atraso. O canal da família Marinho demorou demais para perceber o poder do YouTube no esporte. Enquanto Casimiro já soma uma comunidade gigante, engajada e fiel, a GE TV estreia com 15 milhões de seguidores a menos e a difícil missão de recuperar o tempo perdido.

É cedo para decretar fracasso, mas a estreia deixa um recado claro: a Globo não pode se apoiar apenas no peso de sua marca. Precisa entregar mais que audiência comprada e divulgação em massa. Se não construir autenticidade, vai viver à sombra de um streamer que transformou transmissão esportiva em evento cultural.